Era
noite de natal e o Doutor, Amy e Rory estavam no salão de festas da TARDIS,
havia uma mesa bastante decorada com muitas guloseimas e um apetitoso peru de
natal ao centro. Um pequeno rádio tocava clássicos natalinos, preenchendo a
atmosfera com um clima envolvente e mágico. Mais envolvente e mágico eram as
risadas dos viajantes do tempo que se divertiam contando fatos engraçados que
já aconteceram em ceias de natal passadas. Enquanto beliscavam alguns petiscos
que estavam na mesa e tomavam umas taças de champagne, o aparelho que o Doutor
levava no bolso interno do casaco apitou e o Doutor imediatamente o sacou para
ver do que se tratava. Amy, ao ver a expressão do senhor do tempo se mudar de
riso em preocupação, perguntou sobre o que se tratava a mensagem.
_ Um pedido de ajuda – disse o
Doutor.
_ Como o daquele menino com os
monstros no armário? – perguntou Amy como se tivesse assistido todos os
acontecimento pelos quais passaram dentro da casa de boneca.
_ O do tenza? – perguntou o
Doutor que começou a frase com deboche, mas logo depois fechou a expressão como
se houvesse uma possibilidade – É, parecido.
_ Acha que é algo poderoso? –
perguntou Rory – quando aquele menino, bom, aquele tenza chamou a gente foi por
que algo que fazia ele sentir muito medo.
_ Sim, mas só indo lá para
descobrir. – disse o Doutor saindo do salão e se dirigindo à sala de controle
da TARDIS.
O
Doutor apertou alguns botões e moveu algumas alavancas e manivelas e num
estante a TARDIS havia se teleportado para uma viela escura de Londres. Era
interessante ver como a cidade tão movimentada estava praticamente deserta
naquela noite, todos estavam celebrando o natal em suas casas, mas eu disse
praticamente deserta porque uma criança caminhava na direção contrária à dos
viajantes do tempo. A criança era uma menina de aproximadamente oito anos que
chorava desconsoladamente e pedia por socorro.
Amy foi a primeira a ir de
encontro à menina e perguntar o que estava havendo, a menina ao invés de manter
distância de uma estranha, correu logo na direção de Amelia Pond e agarrando
suas roupas, a puxava para de onde veio dizendo:
_ Ele levou minha mamãe, venha
ajuda ela.
_ Sua mãe, quem foi que levou sua
mãe? – perguntou o Doutor interessado.
_ O duende, ele levou minha
mamãe, vem ajuda ela por favor.
_ Acha que foi ela que mandou o
pedido de ajuda? – perguntou Amy
_ Não acho, tenho certeza!
Amy
permitiu que a menina a puxasse para onde queria, Rory e o Doutor seguiam logo
atrás. Amy e Rory estavam perdidos sobre o que estava acontecendo, mas o Doutor
já traçava uma axiomática explicação para tudo.
Quando
chegaram no local onde a criança queria levá-los, eles perceberam que estavam
no quintal da casa da menina, talvez tenha sido ali onde a mãe da menina foi
sequestrada. Amy tentava acalmar a menina enquanto o Doutor começava a analisar
tudo que estava ao redor com sua chave de fenda sônica. Rory vasculhava os
arredores para ver se encontrava alguém mais.
_ Um duende, ele levou minha
mamãe. A gente ia até à igreja para ver a Missa de natal, a gente ouviu um
barulho no quintal e minha mamãe foi até o quintal ver o que era quando em fé, eu
vi um duende pegar a mamãe e saltar em cima dos telhados com ela nos ombros.
_ Um duende? – perguntou Amy, mas
não para a menina.
_ Deve ter sido um alienígena
parecido com um duende – respondeu o Doutor antes de perguntar para a menina –
Qual é o seu nome?
_ Therese.
_ Que nome bonito! Eu sou o
Doutor.
_ Doutor quem?
_ O Doutor. Essa é Amelia Pond e
aquele é o marido dela, Rory Willians. Sua mãe foi levada por um duende. Diga
como ele é?
_ Verde e peludo, tinha focinho e
olhos amarelos.
_ Certo, ainda estava de dia
quando isso aconteceu?
_ Sim.
_ Só mais uma coisa, você disse
que ele saiu pulando sobre os telhados. Como assim?
_ Ele pulava como um grilo.
_ Interessante!
_ O que isso quer dizer? –
perguntou Amy.
_ Quer dizer que não é um duende,
mas um alienígena.
_ Um alienígena? Mas o que ele
queria com a mãe dela? – perguntou Amy
_ Não sei, mas a primeira coisa
que devemos fazer é seguir pra onde ele foi.
_ Mas como vamos saber para onde
ele foi?
_ Ele é um grosprikiniano,
consegue saltar longas distâncias, mas sempre se esconde em locais úmidos e labirínticos. Ele deve estar escondido no Hyde Park.
Todos
se dirigiram para dentro da TARDIS e o Doutor mecheu mais uma vez nos botões e
alavancas do painel de controle da TARDIS e num estante o conhecido barulho da
cabine desaparecendo do quintal de Therese e surgindo no Hyde Park tomou conta
do ambiente. Até que chegaram por completo onde queriam e o Doutor assentiu que
haviam chegado. Antes de sairem, o Doutor se virou para jovem Therese e
perguntou qual era o nome da sua mãe. Marthe foi o que a garotinha respondu e
então o Doutor propós que Rory, Amy e Therese fossem por um lado enquanto ele
ia por outro, já que não podia deixar as meninas sozinhas devidos aos riscos do
alienígena sequestrador.
Enquanto
passavam em meio as árvores do Hyde Park que já de noite e totalmente vazio se
mostravam assustadoras, eles gritavam pelo nome de Marthe. O Doutor caminhava e
de tempo em tempo parava e gritava por Marthe, depois tirava sua chave sônica
do casaco e escaneava o que estava por perto para ver se estava tudo tranquilo,
depois voltava a caminhar.
Amy, Rory e Therese caminhavam
enquanto iam gritando por Marthe, sempre que ouviam o Doutor gritar por ele,
gritavam juntos em seguida. Rory ia olhando entre as assustadoras árvores com
medo que o grosprikiniano surgisse e os atacasse.
Depois
de quase uma hora, eles se encontraram novamente na porta da TARDIS, Doutor
tinha uma feição de chateamento e Therese segurava o choro.
_ E então, o que vamos fazer? –
perguntou Amy.
_ Eu não sei. Isso está errado,
ele tinha que vir pra cá! – respondeu o Doutor indiginado
_ Não acha que Marthe está
impossibilitada de nos responder? – perguntou Rory
_ É uma hipótese, mas então por
que ele não nos atacou? – perguntou o Doutor para si mesmo – Mas é claro!
Doutor burro!
_ O que? O que é claro? –
Perguntou Amy.
_ Ele ataca mulheres, por isso
atacou a mãe de Therese, mas tem medo de homens e é por isso que ele ficou
escondido. Ele espera vocês ficarem sozinhas e desprotegidas.
_ Como assim? – perguntou Amy
ainda confusa.
_ Entrem todos na TARDIS, ele
está observando a gente.
Já
dentro da TARDIS, o Doutor explicou o que tinha em mente, ele atrairia o grosprikiniano
para onde pudesse ser visto e depois o capturaria para saber o porquê dele ter
sequestrado Marthe, mas para isso ele precisaria de que Amy ficasse de isca.
_ Doutor, isso é loucura! –
protestou Rory preocupado com sua esposa.
_ Mas é o único modo de atrairmos
o alien que sequestrou a mãe de Therese – disse Amy –, então eu topo.
_ Não se preocupe Amy, vamos
mover a TARDIS para o fundo e vamos estar de olho em você – disse o Doutor para
deixar sua maiga tranquila.
_ Tudo bem, eu confio em você –
respondeu Amy.
Assim
que Amy saiu da TARDIS, Rory lhe deu um beijo falando que tudo ia dar certo.
Depois disso a TARDIS se teleportou do meio do calçadão para o fundo entre as
árvores, o Doutor acionou o dispositivo que permite que a TARDIS fique
invisível e dali do fundo ficaram observando Amy sozinha naquela aterrorizante
noite de natal.
Amelia
Pond, a menina que esperou, estava ali no meio do nada esperando que um
alienígena a atacasse. Ela se sentou num banco ali perto e ficou olhando as
estrelas tentando se manter calma e confiante. “Não vai acontecer nada! Rory e
o Doutor estão logo ali. Meu Rory não vai deixar nada de errado acontecer
comigo”, repetia ela para si mesma.
Dentro da TARDIS, Rory e o Doutor
se colocavam numa anciosa prontidão. Cada segundo parecia uma eternidade até
que todos (inclusive Amy) ouviram um barulho vindo das árvores.
O que ouviram era como o de uma
abelha voando. Rory e Amy se perguntavam sobre o que era aquilo, mas o Doutor
sorria com o barulho pois sabia que sua teoria de que o suposto duende era um grosprikiniano.
Foi
então que Amy viu o monstro na sua frente ele saltava como um gafanhoto e o
barulho que ele emitia vinha da sua boca, como se tivesse engulido uma abelha.
O grosprikiniano se aproximou de Amy e foi nesse momento que o Doutor e Rory
saíram da TARDIS e o Doutor berrou:
_ Fique longe dela!
O
monstro, surpreso com o truque do Senhor do Tempo decidiu que não tinha que
fugir, atacou na direção dos dois e lançando Rory para longe abriu a bocarra
contra o Doutor, como se fosse lhe arrancar a cabeça. O Doutor não esperava
essa reação então não soube muito bem oque fazer, foi então que ele ouviu um
barulho muito parecido com o de sua chave sônica então ele instantaneamente
apalpou seu bolso e percebeu que sua chave ainda estava ali. O monstro foi
jogado para longe e então deu um salto e sumiu no meio da mata, O Doutor então
olhou paralisado para seu salvador.
_ Você? Não pode ser! – disse o
Doutor.
_ Ho! Ho! Ho!
_ Não pode ser! – disseram Amy,
Rory e o Doutor.
_ O que não pode ser? - disse o salvador do Doutor.
Nesse momento, Therese (que
acompanhava tudo de dentro da TARDIS) saiu correndo e deu um forte abraço
naquele homem enquanto gritava:
_ Papai Noel! Eu não acredito que
é o senhor de verdade.
_ Sim, sou eu, minha pequenina!
Ho Ho Ho!
_ Mas como? Por que? – perguntou
o Doutor
_ Estou procurando essa criatura
há uns três dias, Marthe não é a única a ter sido sequestrada, outras três
mulheres também desapareceram.
_ É um grosprikiniano – disse o
Doutor muito orgulhoso por saber disso.
_ Não, não é – respondeu Papai
Noel.
_ Como assim não é? Eu o vi de
perto, é um grosprikiniano! – respondeu o Doutor
_ A casca sim, mas é manipulada
por uma gizem – disse Papai Noel olhando por cima dos óculos nos olhos do
Doutor.
_ Doutor burro! Doutor burro! –
disparou o Doutor a gritar para si mesmo.
_ Por que? O que é uma gizem? –
perguntou Amy.
_ Um parasita que toma corpos
para poder se reproduzir – respondeu o Doutor.
_ Bom, por que em vez de ficarmos
discutindo teorias, não vamos atrás do alienígena? – sugeriu Noel.
_ Mas não sabemos para onde ela
foi – disse Rory.
_ O Doutor sabe – disse Noel.
_ Ela ficou assustada, então foi
pro ninho proteger os hospedeiros – disse o Doutor pensativo.
_ Mas onde é o ninho? – perguntou
Amy.
_ Provavelmente em algum armazém
abandonado aqui perto – respondeu o Doutor ainda pensativo.
_ Bom, então vamos até lá! –
disse o bom velhinho.
Nesse
momento, o Doutor foi conduzindo todos até a sua TARDIS que ainda estava
invisível atrás de algumas árvores, mas Papai Noel o interrompeu mostrando para
todos o seu trenó que estava parado um pouco mais longe.
_ Não, com a TARDIS a gente chega
mais rápido! – advertiu o Doutor.
_ Eu sei! – respondeu Noel.
_ Mas então... – ia dizendo até
olhar para Noel e se dar conta do que estava acontecendo – Hum!
_ Não vai negar a eles a
oportunidade de passear no trenó do Papai Noel – disse Noel piscando o olho
para o Doutor.
Todos
entraram no trenó, embora somente Amy e Therese tenham sentido falta das renas
que deviam estar amarradas a frente do trenó.
O trenó de Papai Noel parecia
mais uma carruagem, embora não tivesse rodas. Com uma chave ele abriu a porta e
permitiu que todos entrassem na sua frente. Quando estavam lá dentro, perceberam
que ela era maior por dentro, foi aí que Amy e Rory se deram conta do que
estava acontecendo.
_ Você... você é um Senhor do
Tempo! – disse Rory enquanto Amy ficava de queixo caído.
_ Ho! Ho! Ho! – gargalhou Noel –
Surpresos?
_ Como eu não pensei nisso antes?
Você fala todas as línguas, tem mais de mil anos, conhece todos os quartos do
universo, consegue carregar uma quantidade absurda de presentes dentro de um
trenó, entra em qualquer casa sem ser percebido e faz tudo isso em uma única
noite – concluiu o Doutor.
_ Mas pensei que todos os
Senhores do Tempo tinham morrido – questionou Amy enquanto Papai Noel
gargalhava.
_ Quando os Senhores do Tempo
caírem, eu também estarei lá, mas tudo é possível quando se tem uma máquina do
tempo.
Foi
então que eles perceberam que Papai Noel sabia o tempo todo que o dia da sua
morte chegaria, mas aproveitava o tempo enquanto não chegava a sua hora. Papai
Noel era um Senhor do Tempo, assim como o Doutor.
_ E os brinquedos, onde você os
faz? – perguntou Amy.
_ O mais importante não são os
presentes, minha cara Amy, mas o amor e a bondade que tento plantar bem aqui. –
disse Noel enquanto apontava para o coração de Amy – Saiba minha querida que
venho trazendo uma mensagem muito mais importante do que presentes.
_ E qual seria essa mensagem? –
perguntou Amy.
_ Respeito, igualdade e bondade.
Papai Noel não olha a classe social, a cor, a religião, nada disso! A única
coisa que importa é o comportamento das crianças. Se alguém é bom, nada mais
importa.
Depois
disso, Noel se encaminhou para um corredor onde haviam três grandes portas, ele
abriu a primeira e mostrou um escritório com livros e computadores. “Aqui é
onde as cartas são lidas e a lista de bons meninos é feita”, dizia Noel, logo
depois ele abriu a segunda porta e mostrou onde os brinquedos eram fabricados,
nesse momento as máquinas estavam paradas.
_ O Natal é o único dia em que
elas não trabalham – disse Noel.
_ Mas e os duendes? – perguntou
Amy.
_ Quem conta um conto, aumenta um
ponto! – disse Noel, e depois gargalhou – Ho! Ho! Ho!
_ Ok! Nada de renas e duendes –
disse Rory – E a Lapônia?
_ Também, não! Está tudo na
TARDIS.
Então
Noel os encaminhou para a terceira porta que dava para um imenso depósito de
brinquedos já prontos. Eles esperavam para serem entregues aos seus donos
naquela noite.
_ Bom, acabou o passeio! Agora
vamos atrás de Marthe e das outras – disse Noel voltando com todos para a sala
de controle e teleportando a TARDIS para o armazém mais próximo.
Doutor
tinha ficado calado, mas estava surpreso de ver outro Senhor do Tempo, ele
observava cada semelhança e diferença entre ele e aquele Senhor do Tempo.
Quando
chegaram ao armazém, todos desceram da TARDIS. Doutor e Rory saíram a procura
por um lado, enquanto Noel e as meninas por outro, eles vasculharam todos o
armazém, mas só quando se reuniram novamente é que Therese apontou para o teto
e disse “Olhem!” então todos viram as três mulheres penduradas por uma espécie
de teia, era por isso que a gizem tinha possuído aquele grosprikiniano, ele possuía
dons aracnídeos úteis para a missão de roubar e botar em três novas fêmeas.
Mas
quando o Doutor levantou a chave sônica na direção no ninho, eles foram
surpreendidos pelo grosprikiniano possuído pela gizem, ele saltou na direção
deles e tentou atacar Noel, mas dessa vez foi o Doutor que tirou a chave sônica
e paralisou o alienígena.
Com
o alienígena desacordado, Noel deu uma espécie de bebida que estava no seu
cinto e despejou na boca do grosprikiniano, em questão de segundos a gizem seria
disolvida.
_ Lamento, querida! Mas ou eu
faço isso ou você continua no corpo desse coitado sequestrando mulheres
indefesas – disse Noel.
Logo
depois, o Doutor e Rory retiraram as mulheres das teias e o Doutor as escaneou
com a chave sônica para ver se estavam com ovos de gizem, mas o resultado foi,
felizmente, negativo.
Então eles trataram de levar
todos para dentro do trenó, o mistério tinha se resolvido e agora as mulheres
poderiam voltar para seus lares para passarem o Natal com a família.
O
trenó, ou melhor, a TARDIS do bom velhinho se materializou novamente no parque.
Doutor e seus amigos iriam levar Therese e Marthe (ainda inconsciente) para
casa, enquanto Papai Noel levaria as outras duas e começaria a distribuir os
presentes.
_ Muito obrigada, Papai Noel! –
agradeceu Therese.
_ Disponha, minha querida! Não se
esqueça de olhar sua meia amanhã de manhã – respondeu Noel com um piscadela.
Todos
deram um forte abraço em Noel e se prepararam para ir embora, quando já estavam
todos, exceto o Doutor, dentro da cabine de polícia, Noel, na porta do trenó
lhe chamou:
_ As semelhanças e as diferenças
não importam, Doutor. Só a bondade.
_ Vamos nos ver novamente?
_ Claro que sim! Tudo é possível
quando se tem uma máquina do tempo.
_ É verdade!, Obrigado, Papai
Noel!
_ Disponha, meu querido, mas por
favor, me chame de Jeff! Feliz Natal! – disse Noel indo para dentro da sua
TARDIS e iniciando o teleporte.
_ Feliz Natal – respondeu o
Doutor que via o trenó desaparecer e somente o som de uma gargalhada ficou no
ar.
_ Ho! Ho! Ho!
Em
silêncio, Doutor foi para a TARDIS onde todos o esperavam. Lá ele programou a
TARDIS para teleportá-los para casa de Therese, mas sem conter a felicidade,
gargalhou também:
_ Ho! Ho! Ho!