Na
madrugada de ontem, foi encontrado morto na quadra B-4, um jovem soldado da
guarda real branca. Um colega de serviço encontrou o corpo já frio e
imediatamente convocou a cavalaria que constatou uma ferida no peito que pela
espessura, foi feita por uma espada de gume longo, já que o objeto perfurou o
coração, mas não exibiu marcas de que se havia chegado nem mesmo na metade da
lâmina.
A espada do soldado foi
encontrada junto do corpo sem nenhuma impressão digital que não fosse a sua,
sua malha de couro foi rasgada na alça e havia um hematoma próximo ao seu olho
esquerdo, provavelmente feito por um punho de espada ou algum objeto do tipo.
A
polícia convocou de imediato os vigias das torres brancas e como o vigia da
torre da quadra A-1 pode demonstrar, nenhuma delas possuía visão da quadra B-4,
o que acabou por ser muito inconveniente para a investigação.
Segundo
o relato do guarda-costas de sua majestade, o rei branco, a vítima era guarda
da catedral localizada na quadra C-1 e tinha muita amizade com o guarda-costas
da rainha branca, que foi quem o encontrou morto. A amizade dos dois chamava a
atenção de todos pela troca de favores que um prestava ao outro, segundo
testemunhas, os dois amigos já teriam inclusive trocado de postos diversas
vezes.
Segundo
a investigação da Polícia Montada das Peças Brancas (PMPB), o guarda-costas da
rainha é um forte suspeito do homicídio já que essas trocas de favores podem
ter feito com que o mesmo ficasse no prejuízo e quisesse fazer um acerto de
contas com seu amigo na fronteira do reino branco, bem longe do alcance das
torres. Mas ainda não há provas contundentes, uma vez que a espada dos peões é
do tipo gládio e assim, curta demais para provocar o ferimento que a vítima
tinha.
Uma
denúncia anônima revelou que o peão assassinado era um amante da rainha branca.
Isso justifica o porquê das trocas de postos e coloca mais um indivíduo sob
suspeita, o governante que ao saber da traição de sua esposa poderia ordenar a
morte do amante ou até matá-lo com suas próprias mãos, no caso, com sua espada
longa do tipo rapieira que deixaria perfeitamente as marcas mortais do
indivíduo. Numa busca pelo castelo real branco, localizado nas quadras D-1 e
E-1, a polícia encontrou a espada do rei abandonada nos aposentos reais e o
monarca não estava presente. A rainha indagou de que seu marido havia saído em
roque para a quadra G-1 e estava sob a proteção da torre branca direita então a
polícia não pode contatá-lo, mas esse ato só piorou a situação do rei branco
que se tornou a principal suspeita, mas qualquer um que tem acesso ao castelo
pode ter pêgo a espada abandonada nos aposentos reais.
Numa
dessas fofocas corriqueiras que correm pelo reino, saiu o boato de que o bispo
poderia ter cometido o crime, pelo fato do guarda-costas se recusar a servir o
epíscopo. Muitos cidadãos comentam que o bispo teria matado o peão por ele se
declarar contra a ação da Igreja. Segundo alguns peões, a vítima teria se
queixado abertamente sobre o poder da Igreja nos dois reinos, mas a polícia
descarta essa alternativa por não ser digna de confiança, já que o bispo
poderia acusar o guarda de heresia e levá-lo ao tribunal.
No mesmo dia, os bispos brancos
foram se encontrar com os negros na fronteira e ainda estão reunidos ali. A
polícia não descarta a hipótese de os clérigos terem cometido o crime para
evitar escândalos de adultério dentro da nobreza branca, também é de se levar
em consideração que todos os prelados portam espadas do tipo rapieira, a mesma
do rei.
A
reunião dos bispos na fronteira também levou os cavaleiros a pensarem na
hipótese de o ataque ter vindo das peças negras, já que o peão fora assassinado
junto da fronteira dos reinos. A rainha não gostou da ideia da investigação ir
além da fronteira, pelo fato de os reinos estarem em clima de guera, mas a
polícia ignorou a ordem da governante e foi a procura da Polícia Montada das
Peças Pretas (PMPP) tomar conhecimento da relação dos vizinhos com o guarda
morto e também descobrir quem havia se aproximado da fronteira.
As
polícias unidas descobriram que quatro soldados pretos estiveram próximos da
fronteira. Duas duplas se refezaram como vigias e segundo os registros, o
horário de troca das duplas bate com o horário do homicído. Ao serem
interrogados, os sentinelas negam qualquer movimento.
Com
insucesso da investigação além muros, a polícia retornou ao reino e voltou seu
olhar para a rainha. Estaria a governante cansada de seu amante? Teria ele
feito uma chantagem à donzela e sido silenciado? Quem de fato fizera a
denúncia? A rainha nega toda estória e disse inclusive que se trata de um
trambique vindo da peble. O rei e os bispos ainda não retornaram, as
especulações são muitas e diante da incapacidade policial, o crime se mantém
sem solução.