Sinopse: Para se divertir na eternidade, Osíris, Rá, Hórus e os demais deuses
decidiram jogar um jogo em meio aos mortais, mas o que eles não sabiam
era que com o declínio dos costumes egípcios faria com que eles ficassem
presos no mundo mortal, e pior, sem suas memórias e seus poderes,
dentro de corpos humanos.
Agora, Anúbis encontrou um jovem chamado William, que pode ser o avatar de um deus, e juntos partem em busca de por um fim nisso tudo, mas a única forma de dar um fim nisso é continuar jogando, e as regras do jogo ordenam que se removam as demais peças, até que só reste um deus.
Agora, Anúbis encontrou um jovem chamado William, que pode ser o avatar de um deus, e juntos partem em busca de por um fim nisso tudo, mas a única forma de dar um fim nisso é continuar jogando, e as regras do jogo ordenam que se removam as demais peças, até que só reste um deus.
_ O que? – foi a única coisa que
William conseguiu falar.
_ O que o que? Vai logo! –
respondeu Inpu.
William
acabou por obedecer, estava assustado com o sono e realmente precisava de um
banho. Em menos de quinze segundos estava arrumado. Pensou em servir algo de
comer para Inpu, mas quando chegou na cozinha, reparou que ele já havia
preparado o desjejum.
_ É... a gente se conheceu ontem,
não foi? – disse William tentando ser irônico.
_ Sim, achei que você se
lembraria duma dor de cabeça daquelas. – respondeu Inpu lavando toda ironia de
William pelo ralo.
_ Como você sabe?
_ Achou que ninguém percebeu? –
disse Inpu enquanto se sentava para comer – Bom, seus amigos não, mas eu não
poderia deixar passar despercebido.
_ Mas... – William abriu a boca,
mas foi interrompido.
_ Eu sei muito sobre você, mais
do que você sabe sobre si mesmo.
_ Como?
_ Já teve aquela sensação de que
seu lugar não é esse, de que sua vida não faz sentido? Já parou para pensar que
para você, dinheiro, sucesso e família não tem a menor importância?
_ Mas... – William ficou sem
palavras novamente, Inpu realmente o conhecia bem.
_ E se eu te oferecesse um propósito
que fizesse sua vida valer a pena?
_ Mas... – William se sentiu
sufocado pela falta de palavras pela terceira vez, decidiu então se sentar e
comer um pouco, ouvindo o que Inpu tinha para falar.
_ Bom, não sei ao certo por onde
começar... Sei o que sente, então sei que o que vou dizer vai soar como
brincadeira, mas... Você é um deus!
_ O que?!?
_ Sim, eu também achei estranho,
mas não é algo que possa te provar. Eu senti seu sekhem assim que me aproximei. Você também sentiuo meu, o que vez
você passar por aquele mal estar. Acontece sempre que deparamos com outro neteru.
_ Sekhem? Neteru?
_ Já ouviu falar dos deuses do
Egito, imagino.
_ Vagamente – respondeu William
se recordando da conversa sobre hieróglifos na véspera.
_ Bom, acontece que todo o
panteão egípcio decidiu jogar para passar o tempo. Os deuses maiores, chamados
neteru primordiais elaboraram um jogo chamado senet.
_ Um jogo?
_ Sim, o jogo funciona de uma
forma básica. Todos os deuses descem à Terra e tomam forma humana. A partir
daí, passam a caçar uns aos outros. Sempre que um deus morre num avatar mortal,
é levado para uma tumba com uma série de equipamentos que devolvem sua alma
para o mundo dos deuses, ou realidade etérea, se preferir.
Os deuses então desceram ao Egito
e lá praticaram esse jogo por séculos. Com o surgimento dos novos impérios, os
deuses foram caminhando pela Terra travando guerras e modificando a história.
Acontece que por volta da era medieval, os homens abandonaram o culto aos
deuses e se voltaram para o deus judaico-cristão. Isso fez com que as tumbas
portais não foram mais construídas e todos os deuses ficaram presos na Terra.
_ E você acha que sou um desses
deuses?
_ Não acho, tenho certeza. Você
também tem, posso ver no seu olhar. – disse Inpu sorrindo – Com os deuses
presos na Terra, ao serem mortos, nenhum deles retornava para o plano etéreo,
então vagavam até serem reencarnados e voltavam para o jogo, mas isso já faz
mais de mil anos.
William
tentava processar aquilo tudo. Era muita informação para ele, mas era bem
melhor que nenhuma informação. Ser um deus não era algo que esperava para o
café da manhã, mas a naturalidade de Inpu acabou lhe ajudando bastante.
_ Tudo bem! Digamos que eu
acredite no que disse.
_ Não é questão de acreditar, mesmo
se fosse, sei que você acredita.
_ Bom, quer dizer que eu sou um
deus, você também e está vindo vários outros deuses para me matar?
_ Basicamente!
_ Por que você não me mata para
adiantar seu joguinho?
_ Existem algumas relações entre
o senet terrestre e o senet dos neteru, uma delas é de que duas peças juntas não
podem ser atacadas.
_ Tá me usando para não ser
atacado?
_ Mais ou menos... “Uma mão lava
outra”?
_ Digamos que eu tope participar
do seu joguinho. O que necessariamente tenho que fazer? Não sei se posso... sei
lá... matar um deus.
_ Isso é com o tempo, vamos
localizar outros deuses e nos aprimorar através do Ab humano. Depois teremos forças para movimentar as peças. Por
enquanto, agrupamos.
_ Tá, e como fazemos isso?
_ Vamos ter que sair de viagem,
precisamos de mais informações e eu vou procurar nossas memórias.
_ Nossas memórias?
_ Sim, com o processo de
reencarnação os deuses acabam perdendo a memória, muitos deles vivem sem saber
o que são.
_ E como você sabe de tudo isso?
_ Longa história. Já estou de
malas prontas e recomendo que arrume as suas.
_ Para onde vamos?
_ Para o Egito, onde tudo começou.