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24 de junho de 2013

Senet: o jogo dos deuses - Capítulo 1: Maus presságios

Sinopse: Para se divertir na eternidade, Osíris, Rá, Hórus e os demais deuses decidiram jogar um jogo em meio aos mortais, mas o que eles não sabiam era que com o declínio dos costumes egípcios faria com que eles ficassem presos no mundo mortal, e pior, sem suas memórias e seus poderes, dentro de corpos humanos.
Agora, Anúbis encontrou um jovem chamado William, que pode ser o avatar de um deus, e juntos partem em busca de por um fim nisso tudo, mas a única forma de dar um fim nisso é continuar jogando, e as regras do jogo ordenam que se removam as demais peças, até que só reste um deus.

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_ O que? – foi a única coisa que William conseguiu falar.
_ O que o que? Vai logo! – respondeu Inpu.
           
            William acabou por obedecer, estava assustado com o sono e realmente precisava de um banho. Em menos de quinze segundos estava arrumado. Pensou em servir algo de comer para Inpu, mas quando chegou na cozinha, reparou que ele já havia preparado o desjejum.
_ É... a gente se conheceu ontem, não foi? – disse William tentando ser irônico.
_ Sim, achei que você se lembraria duma dor de cabeça daquelas. – respondeu Inpu lavando toda ironia de William pelo ralo.
_ Como você sabe?
_ Achou que ninguém percebeu? – disse Inpu enquanto se sentava para comer – Bom, seus amigos não, mas eu não poderia deixar passar despercebido.
_ Mas... – William abriu a boca, mas foi interrompido.
_ Eu sei muito sobre você, mais do que você sabe sobre si mesmo.
_ Como?
_ Já teve aquela sensação de que seu lugar não é esse, de que sua vida não faz sentido? Já parou para pensar que para você, dinheiro, sucesso e família não tem a menor importância?
_ Mas... – William ficou sem palavras novamente, Inpu realmente o conhecia bem.
_ E se eu te oferecesse um propósito que fizesse sua vida valer a pena?
_ Mas... – William se sentiu sufocado pela falta de palavras pela terceira vez, decidiu então se sentar e comer um pouco, ouvindo o que Inpu tinha para falar.
_ Bom, não sei ao certo por onde começar... Sei o que sente, então sei que o que vou dizer vai soar como brincadeira, mas... Você é um deus!
_ O que?!?
_ Sim, eu também achei estranho, mas não é algo que possa te provar. Eu senti seu sekhem assim que me aproximei. Você também sentiuo meu, o que vez você passar por aquele mal estar. Acontece sempre que deparamos com outro neteru.
_ Sekhem? Neteru?
_ Já ouviu falar dos deuses do Egito, imagino.
_ Vagamente – respondeu William se recordando da conversa sobre hieróglifos na véspera.
_ Bom, acontece que todo o panteão egípcio decidiu jogar para passar o tempo. Os deuses maiores, chamados neteru primordiais elaboraram um jogo chamado senet.
_ Um jogo?
_ Sim, o jogo funciona de uma forma básica. Todos os deuses descem à Terra e tomam forma humana. A partir daí, passam a caçar uns aos outros. Sempre que um deus morre num avatar mortal, é levado para uma tumba com uma série de equipamentos que devolvem sua alma para o mundo dos deuses, ou realidade etérea, se preferir.
Os deuses então desceram ao Egito e lá praticaram esse jogo por séculos. Com o surgimento dos novos impérios, os deuses foram caminhando pela Terra travando guerras e modificando a história. Acontece que por volta da era medieval, os homens abandonaram o culto aos deuses e se voltaram para o deus judaico-cristão. Isso fez com que as tumbas portais não foram mais construídas e todos os deuses ficaram presos na Terra.
_ E você acha que sou um desses deuses?
_ Não acho, tenho certeza. Você também tem, posso ver no seu olhar. – disse Inpu sorrindo – Com os deuses presos na Terra, ao serem mortos, nenhum deles retornava para o plano etéreo, então vagavam até serem reencarnados e voltavam para o jogo, mas isso já faz mais de mil anos.

            William tentava processar aquilo tudo. Era muita informação para ele, mas era bem melhor que nenhuma informação. Ser um deus não era algo que esperava para o café da manhã, mas a naturalidade de Inpu acabou lhe ajudando bastante.

_ Tudo bem! Digamos que eu acredite no que disse.
_ Não é questão de acreditar, mesmo se fosse, sei que você acredita.
_ Bom, quer dizer que eu sou um deus, você também e está vindo vários outros deuses para me matar?
_ Basicamente!
_ Por que você não me mata para adiantar seu joguinho?
_ Existem algumas relações entre o senet terrestre e o senet dos neteru, uma delas é de que duas peças juntas não podem ser atacadas.
_ Tá me usando para não ser atacado?
_ Mais ou menos... “Uma mão lava outra”?
_ Digamos que eu tope participar do seu joguinho. O que necessariamente tenho que fazer? Não sei se posso... sei lá... matar um deus.
_ Isso é com o tempo, vamos localizar outros deuses e nos aprimorar através do Ab humano. Depois teremos forças para movimentar as peças. Por enquanto, agrupamos.
_ Tá, e como fazemos isso?
_ Vamos ter que sair de viagem, precisamos de mais informações e eu vou procurar nossas memórias.
_ Nossas memórias?
_ Sim, com o processo de reencarnação os deuses acabam perdendo a memória, muitos deles vivem sem saber o que são.
_ E como você sabe de tudo isso?
_ Longa história. Já estou de malas prontas e recomendo que arrume as suas.
_ Para onde vamos?
_ Para o Egito, onde tudo começou.